sábado, 30 de maio de 2015

O NAVIO DE NOSSA BISAVÓ

         
                           O "VILLE DE BUENOS AiRES"               


                                                                               



          Bom dia! E hoje temos uma postagem bem especial! Todinha inspirada no interesse de nossa prima MARYSE LABROUSSE (DELPÉRIER) pelo navio que trouxe sua (e nossa!) antepassada MARIE DELPÉRIER MANDRAL (mãe de SUZANNA). 
          Conhecemo-nos recentemente, através desse blog, que ela encontrou justamente procurando saber o que havia sido feito dessa sua antepassada que emigrou para o BRASIL com seu marido JEAN MANDRAL e sua pequena e única filha até então, SUZANNA, em 1888.
          Devagarzinho, MARYSE vai conhecendo nossa história em comum... Depois de obter por mim a lista de passageiros do vapor VILLE DE BUENOS AIRES, no qual nossos antepassados vieram para o BRASIL, passou a procurar imagens do dito vapor.
           Ora, acontece que o vapor ORENOQUE, no qual veio ANNET com seus pais FRANÇOIS GUILLAUME/MARIE MANDRAL e sua irmã MARIÁ em 1885 possui muitas imagens que nos são acessíveis pela internet, pelo nosso livro e aqui mesmo pelo blog. E quanto ao VILLE DE BUENOS AIRES? O que temos nós? 
          Vejamos. Desde o começo de minhas pesquisas soube que esse vapor havia sido vendido para uma outra companhia de navegação  e seu nome havia sido mudado para VILLE DE ROCHEFORT. E foi com esse nome que veio a afundar, anos e anos mais tarde, não deixando mais nenhuma história a ser contada, exceto por umas poucas imagens. 


                                                             



          Será? 
          Eis que ontem, durante uma intensa troca de e-mails com MARYSE, resolvi pesquisar mais uma vez. O resultado dessa pesquisa venho trazer para vocês. Em nossas conversas percebemos que compartilhamos o mesmo estarrecimento: como tantas famílias (além da tripulação!) couberam nesse navio naquela viagem de 1888 e em tantas outras? Qual seria a situação de desconforto à bordo? Dói no coração pensar... 
          Ainda me restam dúvidas. Há informações controversas sobre ele. Às vezes fico até pensando que poderiam ter havido dois navios com o mesmo nome. Mesmo levando se em conta que  todas as imagens encontradas são da mesma embarcação... Mas o fato é que acabei encontrando essa maravilha, publicada em 2014. Que compartilho com todos vocês.
          Através desse site, você pode ver, através de um mergulho, o que restou do Ville de Buenos Aires/Rochefort.(cole o link no seu navegador):   
 http://www.plongee-anges.com/epaves-atlantique/ville-de-rochefort/


                Passo a traduzi-lo:

HISTÓRICO

          Este é um cargueiro a vapor francês construído em 1882 nos estaleiros de la Seine sur Mer com o nome Ville de Buenos Aires para a Compagnie Maritime des Chargeurs Réunis. Ele foi vendido em julho de 1899 à Compagnie des Bateaux a Vapeur du Nord e rebatizado em 1911: Ville de Roquefort. 94 metros de comprimento, bitola de 2200tx, 1 máquina de 1000cv, 2 caldeiras cilíndricas.
          O Vapor Ville de Roquefort, vindo de Pauillac com um carregamento diversificado, é abordado às 3hs do dia 14 de Outubro de 1910 pelo vapor inglês Peveril, que havia partido de Saint Nazare sur Lest com destino a Bilbao. O tempo estava claro mas ventava e uma forte brisa do norte transformou esse vento em tempestade. Quando foi abalroado pelo Peveril, o choque foi tão violento que a haste do navio que bateu penetra até a braçarola do painel nº 7 do Ville de Roquefort. Imediatamente a tripulação se precipita para as embarcações, mas na confusão e sob o choque somente tres sobreviventes subsistirão sobre uma tábua pousada sobre um dos painéis do navio, enquanto que 23 vítimas perecerão nas ondas.
             Às 9:30hs, o barco de salvamento de l'Herbaudière se põe à caminho do lugar do drama na esperança de encontrar sobreviventes. Na sua volta uma multidão o espera, mas ele volta "apitando tristemente". Imagine-se a emoção causada entre a população de marinheiros e pescadores que habitam a ilha de Noimoutier, ainda mais que o capitão Palvadeau, que comandava o Ville de Roquefort, era nativo de Noimoutier...
            


MERGULHO

           Sendo eu próprio marinheiro-pescador, não posso continuar indiferente a esses marinheiros desaparecidos há 90 anos. 
           (Nesse trecho do relato, o autor descreve tudo aquilo que você também pode ver no link que citei acima. Vale a pena!)
           Até breve, Capitão Palvadeau e sua tripulação!Talvez tenham esquecido vocês mas, hoje vocês ressurgem em nossa memória e falaremos de vocês.
                              Dominique Chauvin, pescador em Noimoutier, armador do Otimista.

          Então é isso, leitores queridos. Vejam só que ironia. Do vapor Orenoque, com suas muitas fotos, não nos resta nada. Que destino terá tido? Desmontado? Sucateado?
          Mas do misterioso Ville de Buenos Ayres, do qual nada tínhamos... temos agora não só algumas fotos. Temos antes a oportunidade de ver, repousando no fundo do Atlântico, na costa da França, o veículo que nos trouxe Suzanna e sua família ele mesmo. Sua sombra e seu espírito nele contidos. 

Boa viagem!


                                                           



PS: Todas as fotos postadas aqui são oriundas de coleções de antigos cartões postais franceses, que são vendidos como raridades aqui mesmo na internet. Portanto, são vários os sites onde podemos encontrá-las, repetidamente. Por isso não cito as fontes de cada uma, embora duas delas possuam sua prória legenda, conforme encontrei.








3 comentários:

  1. Que legal Marly! No vapor Ville de Buenos Ayres veio a família Bayle de Antoniette Bayle a segunda esposa de nosso trisavô Pierre Mouty que veio no navio Orénoque. Do navio Orénoque temos: O navio Orénoque teve uma carreira longa e seus longos 50 anos de travessias foram divididos em quatro períodos distintos: de 1874 a 1895 serviu a rota sul-americana; de 1895 a 1913 foi empregado no Mediterrâneo Oriental, fazenda as linhas entre Marselha e os países do levante, Grécia, Turquia, Egito e Síria; em 1914 retornou a Europa como navio-transporte de tropas em águas européias; em 1920 foi para Indochina para serviço na linha secundária que ligava Saigon e Haiphong e aí permaneceu até fevereiro de 1925, quando foi vendido para sucata a negociantes japoneses. Valeu Marly! bjs...

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    1. Lalá! Você sempre presente! Obrigada! Sim, o destino do Orenoque é nosso conhecido, afinal, "viveu até à velhice"... :) Mas, infelizmente, o mesmo não ocorreu com o Ville de Buenos Ayres, que teve a "vida ceifada" tão cedo... :( Por isso fiquei tão emocionada vendo esse vídeo. As sucatas do Orenoque desapareceram... Mas o que restou do Ville de Buenos Ayres permanece lá, no fundo do mar. E agora podemos espiá-lo, tanto e tantos anos depois, graças ao trabalho desse mergulhador. É ou não é para se emocionar? Beijão Lálá querida!

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  2. https://www.histarmar.com.ar/LineasPaxaSA/35-SGTM.htm
    Verifique o segundo parágrafo, onde afirma que o Ville de Buenos Ayres é o antigo Bourgogne.

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