terça-feira, 23 de julho de 2013

FAZENDA MONTE CRISTO

Olá. À  muitos e muitos anos, desde os primórdios de minhas pesquisas, venho "caçando", sistemática e insistentemente, fotografias antigas da FAZENDA MONTE CRISTO. Se é que existe alguma. Umas poucas testemunhas afirmam que existem, porque já viram ou ouviram falar. Onde estão e com quem... já são "outros quinhentos". Passei anos contentando-me com as poucas fotos das ruínas do que um dia foi o "Eldorado" de nossos bisavós ou, melhor dizendo, de seus contratadores. Ao menos num primeiro momento. Até que, recentemente, alguns membros do grupo "Fazendas Antigas", do FACEBOOK, informaram que a venda dessa fazenda (mais uma vez!), estaria sendo anunciada por uma imobiliária de JUIZ DE FORA. Anúncio devidamente repleto de fotografias. Atuais, infelizmente. Mas que, na falta de outras, mantém para nós descendentes perigordinos vindos no VAPOR ORENOQUE, um encanto indizível. Alguma coisa de memórias suficientemente poderosas que foram capazes de ultrapassar mais de um século (na verdade quase um e meio...) de total obscuridade. Vamos a elas, então. Contente-se em esquadrinhar a primeira delas, que ainda guarda uma espécie de represa de pedras, canalizando as  águas do AÇUDE MONTE CRISTO, construída por escravos. Porque por aí também passaram nossos bisavós... FONTE: ANTENOR IMÓVEIS.

                                                                        







                                                                            

sexta-feira, 19 de julho de 2013

14.000 VISITAS!

         
                                                                       

quinta-feira, 18 de julho de 2013

RUÍNAS DO ANTIGO DISTRITO DO SACO/MANGARATIBA

     

         Com o declínio da cana de açúcar no século XVIII, a descoberta do ouro e o ciclo da mineração no interior do país, intenficou-se a abertura de caminhos entre o planalto e o litoral sul fluminense, por onde os metais preciosos eram exportados após vencer os contrafortes das serras, pelos portos de PARATI e ANGRA DOS REIS.
         Nesse momento foi fundado o povoado de SÃO JOÃO DO PRÍNCIPE, posteriormente denominado SÃO JOÃO MARCOS, que surgiu em 1733, na SERRA DO PILOTO, e é exemplo de um município que foi fundado em função de um caminho entre o planalto e o litoral, com rebatimento direto na estruturação do espaço urbano mangaratibano. Segundo FRIEDMAN, a abertura de estradas proporcionava sesmarias ao executor em troca de serviços prestados bem como isenção do serviço militar, provilégios fiscais e imunidades no campo judicial.
        Essa abertura de caminhos ampliou o contato entre o VALE DO PARAÍBA e o mar e se constituiu em oportunidade de negócios ligados ao café e à comercialização de escravos por parte de alguns colonizadores portugueses e de agentes privados locais.
        Em MANGARATIBA, o grande fazendeiro JOAQUIM JOSÉ DE SOUZA BREVES, intitulado rei do café e envolvido no comércio ilegal de escravos após 1831, possuía armazéns da rubiácea e trapiches estabelecidos na PRAIA DO SACO, em MANGARATIBA. ANTÔNIO PEREIRA DOS PASSOS, outro grande fazendeiro da região de SÃO JOÃO DO PRÍNCIPE, no alto da serra, agraciado pelo IMPERADOR D.PEDRO II com o título de BARÃO DE MANGARATIBA, também possuía armazéns estabelecidos na região do SACO, distrito comercial de MANGARATIBA. JOÃO JOSÉ DOS SANTOS BREVES & C JOSÉ ELOY DA SILVA PASSOS, MANOELA JOSÉ FERNANDES PINHEIRO & C, MATOS & C, são nomes de algumas das empresas que figuram  em quase todas as edições do ALMANAK LAEMMERT, estabelecidas no município de MANGARATIBA. PRADO JÚNIOR também cita LUIZ FERNANDO MONTEIRO, BARÃO DE SAHY, grande fazendeiro da região que possuía um solar no largo da matriz, o SOLAR BARÃO DE SAHY, onde hoje funciona a FUNDAÇÃO MÁRIO PEIXOTO, órgão da PREFEITURA DE MANGARATIBA, que resgata a história local. 
        O COMENDADOR JOAQUIM JOSÉ DE SOPUZA BREVES, morador de MANGARATIBA,  proprietário de fazendas em SÃO JOÃO MARCOS MARCOS e comerciante ilegal de escravos, chegou a somar um contingente de cerca de 6.000 negros africanos escravizados em suas mãos. O mesmo construiu, no final do século XIX, o CAMINHO DO CONGUINHO, ligando suas terras ao SACO DE MANGARATIBA, com o objetivo de ampliar seus negócios. No mesmo período, a ESTRADA IMPERIAL foi aberta, atravessando a SERRA DO PILOTO e ligando MANGARATIBA AO VALE DO PARAÍBA. Ainda hoje o calçamento em pé-de-moleque dessa estrada e as ruínas no ALTO SACO DE MANGARATIBA são testemunhas da riqueza produzida no período e da consolidação de uma elite de produtores de café e comerciantes de escravos.
       A elite daquela época fomentava uma agitada vida cultural, com a construção de residências, armazéns, trapiches e um teatro, onde na primeira metade do século XIX ocorriam apresentações de peças teatrais, como as encenadas pelo ator JOÃO CAETANO entre os anos de 1833 e 1834. Ressalta-se que o estado de conservação da ESTRADA IMPERIAL  e das RUÍNAS DO SACO é precário, colocando-se em risco a manutenção desse patrimônio cultural colonial.
       Com relação ao papel do COMENDADOR BREVES, LIA MACHADO destacou que ele contruiu, à época, um porto de embarque de café, e outro de desembarque de escravos na RESTINGA DA MARAMBAIA, com isso canalizando uma grande parte da produção regional. O desembarque dos africanos escravizados acontecia na PRAIA DO SAHY, onde hoje se encontram as ruínas das fazendas de engorda. O único imóvel conservado é um casarão de pedras, enclausurado dentro do condomínio RESERVA ECOLÓGICA DO SAHY. As rochas que compõem as ruínas que estão na praia são retiradas para a construção de churrasqueiras e a empresa concessionária da linha de trem de ferro construiu um muro que dificulta o acessco á área das ruínas. 
FONTE: ANDRÉ LUIS SABINO - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA   
                                                    HUMANA DA USP.


                                                                 


















FOTOS: MARLY MAYRINK