sábado, 19 de março de 2016

DINHEIRO NA ESTRADA - UMA SAGA DE IMIGRANTES

Bom dia!

                                           




       Há tempos venho querendo fazer isso que faço agora: publicar um extrato de um dos livros de EMIL FARHAT. Aquele é um dos mais importantes de minha extensa bibliografia sobre imigrantes em geral e pérola rara quando falamos da imigração para a região de BICAS e circunvizinhanças. 
      O livro trata, é claro, da imigração libanesa, ocorrida nesse caso específico mais de 20 anos depois dos nossos franceses. Apesar desse lapso de tempo, o cenário pouco mudou, mesmo considerando a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Quando nossos bisavós chegaram, as duas mudanças estavam ocorrendo. Quando libaneses e outros imigrantes vieram, o "olho do furacão" já tinha passado, mas não havia ainda solidez nos novos hábitos que os novos tempos exigiam. Pelo menos não "na roça". Por isso as vivências de uns e outros foram extremamente similares, e penso que podemos considerar os relatos de EMIL como muito próximos aqueles que todos os outros imigrantes, de outras nacionalidades, certamente fariam. 
       E de forma tão límpida, crua, vívida, que quase podemos sentir igual: lugares, sabores, odores, imagens, sentimentos, pontos de vista...
       Temos também, nessa obra, a oportunidade de "garimpar" passagens preciosíssimas que falam "desses franceses". Coisa que é praticamente impossível de encontrar em outras fontes. Sim, não são palavras lisonjeiras, na maioria das vezes. Mas perfeitamente cabíveis dentro da vivência do povo libanês daquele tempo diante da "grande metrópole", a França. 
       Esses "franceses" citados por ele podem ter relação com "os nossos": perigordinos do ORENOQUE e do VILLE DE BUENOS AYRES. Quiçá quem sabe algum do NÍGER... Como ele cita poucos nomes desses personagens, fica-nos essa lacuna incômoda e, ao mesmo tempo, mágica: de quem, especificamente, ele fala? A quem pertence aqueles fiapos de vida que nos chegam como que bisbilhotadas através de uma fresta? Mistério para sempre...
       EMIL e seu irmão, CHICRE são importantíssimos, ou antes, fundamentais para a construção de nossa memória coletiva como oriundos do pequeno cantinho de ZONA DA MATA circunvizinho a BICAS.
       Devo registrar que o livro foi escrito baseado numa troca de correspondência entre um imigrante libanês e sua mãe que permaneceu no Líbano. Segundo o próprio EMIL esclarece, as cartas do filho para a mãe desapareceram todas em consequência de bombardeiros em BEIRUTE. Ficaram as da mãe, com o filho brasileiro. Portanto, é ela quem fala. Respondendo aos relatos do filho. O que o filho disse? Você terá que adivinhar. O que será fácil, na maioria das vezes.
       Pode ser que o formato que adotarei aqui não esclareça muita coisa. Mas certamente criará em você, leitor, o desejo de ler o livro por inteiro. Você ainda pode encontrá-lo nos grandes sebos virtuais, como, por exemplo, a ESTANTE VIRTUAL. E afirmo: não se arrependerá!
       Para expandir o alcance de seu trabalho, vamos lá. Mãos à obra!

          
Pág.3 - 
 Se cortássemos todos os cedros do Líbano
 - e os cedros são nossa fonte de inspiração;
 e com eles erigíssemos aqui um templo
 cujas torres atravessassem as nuvens;
 se arrebatássemos de Baalbeck e de Palmira
 os vestígios de nosso passado glorioso;
 se arrancássemos de Damasco o Túmulo de Saladino,
 e de Jerusalém o Sepulcro do redentor dos homens;
 se levássemos todos esses tesouros
 a esta grande nação independente
 e a seus gloriosos filhos;
 sentiríamos que, ainda assim,
 não pagamos tudo o que devemos
 ao Brasil e aos brasileiros.


Pág.26 -
      Ele caiu na esparrela de sair vendendo o café que algum parente e 'alguns amigos' tiravam das pilhas de sacas, que iam para a fogueira feita pelo próprio governo.
     Aliás, este é outro espanto: que coisa é essa de queimarem     "milhares e milhares de sacas", só para fazer subir o preço do produto? Se este café que está sobrando fosse dado pra gente que nunca bebeu uma xicrinha, ia atrapalhar os negócios do governo e dos graúdos daí?
      Esse fogaréu de café deve também doer nos olhos dos pobres   daí, com a mesma mágoa que o olho do sol dói nos olhos de quem não pode enxergar.



Pág.30 -
     Aliás, até hoje há gente falando e fazendo perguntas sobre       sobre aquela outra notícia de uma de suas cartas, de que aí tem     franceses trabalhando na roça, e de pé no chão. Que diabo foram fazer aí? Como é que uma gente tão cheia de luxinhos e tão arrebitados de empáfia, foi parar nesse oco do mundo?



Pág.35 - 
São as sucessivas baldeações , que começa aí na preguiça do tal   carro-de-bois que vocês ainda usam, antes de alcançar a primeira estação de trem.


Pág,36 -
 ... das coisas e das gentes que atraem e enfeitiçam vocês,             retendo-os nesse fundo do mundo, no qual decidiram mergulhar   por um tempo que não passaria de "volto logo, não demoro".


Pág.40 -
Cruzes! Como é que essa gente larga o mais-ou-menos aqui do    Líbano, e se enfurna por esses buracos incerto do mundo? Será só coceira no rabo? Ou falta de miolo?



Pág.42 -
 ... daquela maldita preocupação que é a doença espiritual             número um do imigrante e até dos filhos deles: a pressa da assimilação, a danação para apagar as dessemelhanças, o medo, enfim, da rejeição.



Pág.52 -
 ... ainda tenho outro assunto que de repente encheu de espanto e
 comentários o pessoal daqui. 
     Refiro-me à sua informação de que há francese aí, perdidos no meio dos roçados, lavrando a terra como qualquer felá daqui. E, espanto dos espantos, quase tão acaipirados como os caipiras nativos, chegando descalços aos limites do lugarejo, e de sapatos na mão só calçando-os para entrarem no  povoado. As mulheres
deles também? Deus do céu, quem diria?
     Aqui, como você sabe, eles são os novos donos. Francês de pé no chão? É isso também que está trazendo mais vizinhos à nossa casa. Querem ver, os próprios olhos, que aquilo está escrito com todas letras na sua carta - falado assim, sem querer, 
espontaneamente, sem saber o tamanho da estranheza que isto poderia causar por aqui.



Pág.55 -
      Com o que então o senhor me previne de que In-Hula torce o nariz toda vez que falo mal dos francese senhor In-Hula que vá lamber sabão! Isto é. Espere aí. Que é que ele tem com os             franceses? São fregueses da loja dele?
     A maior parte das vendas que se faz no dia-a-dia por aqui, na    região, é de tostão. Um tostão de açúcar. Um tostão de sal, um tostão de toucinho, um tostão de fumo.
     Esse dinheiro compra apenas um punhadinho de cada coisa. Só aos sábados é que há negócios mais graúdos com a vinda da "folha" dos sítios e fazendas. A maior parte das pessoas não usa sapatos. Até mesmo sitiantes e fazendeiros , que são os importantes daqui. Sapato é pra domingo, ou dia santo de missa.
    Você me põe zureta com esse Brasil. Ao mesmo tempo que fala de tanta riqueza, tantas terras, tanta beleza - mostra esse retrato das miudezas humanas. Afinal, no que devo acreditar?
    Que dinheiro vocês pensam juntar nessa mendicância?                               

Pág.59 -
      Vocês aí "caçando qualquer bicho com forma de mulher".       Disputando com os rapazes de outras terras, também levados pelo mesmo enxerimento da aventura, as poucas moças brasiles de boas famílias que se disponham a casar com "turcos" e outros rapazes gringos, como você mesmo escreveu. Ou já se esqueceu?



Pág.77 -
      Mas você sempre diz que o Maripá parece todo uma família só. Que a aldeia é em volta de uma praça. E que a praça é como se fosse uma sala grande, um salão estar ao ar livre. Para todas as famílias, todos os amigos.Como é? Melhorou assim, depois da tragédia?
       -  Todo mundo de quem você já me falou tantas coisas boas. Os Temponi, os Gonçalves, os Malatesta, os da Costa, os Pinheiros, os Canturinis. E até mesmo quem sabe, os franceses daí. Que, aliás, me parecem de vinho bom, diferente do vinagre que mandam para cá.


Pág.79 -
      Foi revirando esse reservatório - a gaveta em que guardo suas cartas - que encontrei aquela em que descreve sua chegada a Bicas, e depois a Maripá.
     Para mim, ainda é a carta da esperança. Nela, suas  frases soam como passadas decididas, de quem sabe a que vai e o que quer. É o testemunho exuberante de um forasteiro talvez atordoado, quem sabe deslumbrado, mas desvencilhado, ainda não envolvido nem absorvido.
    Você começa descrevendo o choque de que foi tomado quando, após identificá-lo com a ajuda de um patrício, o emissário de seus irmãos, Chichico, o encaminhou para uma praça, à saída da estação ferroviária de Bicas. Você marchou, mas logo se deteve, indeciso, diante do que a princípio lhe pareceu
estranhamente um imenso curral. Centenas de bois imobilizados, sentados ou de pé, chacoalhavam chifres
ou espadanavam rabos ou mugiam, enlaçados às cangas
que os prendiam em duplas de carros - oitenta, cem,  quem podia contar? - aos quais estavam jungidos.
     E dezenas de homens fortes, de uma mistura de cores que não havia na Jamaica, seminus ou de roupas quase rasgadas, transitavam às carreiras, indiferentes aos perigos de esbarrões nos animais. Carregavam, à cabeça ou às costas, sacos que pareciam muito pesados. Ziguezagueavam em filas frenéticas, entre os espaços mínimos deixados pela boiada, também impaciente. E todos a um só tempo cumpriam uma estranha ordem de gritar ou cantar, num improviso de sons e imprecações
em que se misturavam ondulações de cantigas e berros
trovejantes irritadiços ou desafiadores. Era o transporte da safra de café. Café! Uma palavra que você distinguia dos gritos. Que via escorrer como ouro em grãos, de sacos mal cuidados; que fazia rir; que desatava ordens e empurrava tudo e todos. 
     Finalmente eis você na estrada para o Maripá, cavalgando num cavalo "bem manso" - como entendeu
da mímica de Chichico, o mensageiro amigo que seus irmãos, atarefados com as vendas de sábado, mandaram para buscá-lo.
     Serrilhada ao meio ou às margens pelos sulcos desordenados das enxurradas, a "estrada" era um corte estreito de metro e meio de largura, sangrando e barrancos os rasgadas nas várzeas, por onde grimpavam ou se espalhavam matas virgens fechadas e misteriosas, ou disciplinadas lavouras de café.


Pág.116- 
     Pepitas de ouro? Prata na Serra da Prata, ouro no Ouro Preto. Tudo aí na Minas? E o que é que vocês estão esperando, se cafezal sabe onde têm? Por que ficarem chumbados aí, Maripá, Guarará, Bicas. Bicas? Você me escreveu há tempos que isso significa "torneiras". Ora, bolas. Ainda se fosse logo de uma vez "enxurradas", córregos, regatos, riachos auríferos?!


Pág.143- 
     Ora, veja só - mais uma rata que essa velha professora estava ensaiando: já ia pedir que você também desse uma espiadela para ver se há mais navios no cais. É uma pena que daí de Bicas você não possa, como eu, ver o porto. Que titicas de montanhas são essas aí da
     Minas, que não dão para ver o mar?


Pág.162-
      Ainda tem tetra-tetraneto de donatário (?) chuchando até hoje em tetas que vararam da Corte para a República.


Pág.192-
      Foi preciso indagar sobre o estado de espírito em que deve viver a pobre da mulher do In-Hula para você me revelar - só agora! - que é sobrinha do Moulin. Ou você escondia isso para não me zangar? Tolice sua. Aqui, apesar das quizilas políticas com o governo deles, "cada libanês tem seu francês" - isto é, tem sempre um ou mais amigos franceses que ele destaca entre os outros, fazendo-os as "suas" exceções.
     No meio de todas essas apreensões, fiquei contente com o que escreveu de sua cunhada Germaine: ela adora o In-Hula e, se o marido deixar, carrega a espingarda para ir a essas expedições junto com ele. Foi exatamente numa situação dessas que Germain conheceu seu herói: In-Hula arrancou o pai dela das mãos de uns parentes que o surravam, por questões de herança. E ainda deu uma corrida nos agressores. Como eles não tem filhos, ela também o adora como seu "meninão".


Pág.225-
      Os donos de catações sempre confiaram no orgulho da população, por terem feito que Bicas seja a estação que mais exporta café em todos os mil quilômetros (?) de linhas da Estrada de Ferro Leopoldina. Além disso, sempre organizaram essa comemoração inocentemente (?), sem nem se lembrarem que a igreja ficava ali por perto. Padre Abílio era um liberal, surdo às zoada e fraquezas dos pecadores. Estes, aliás sempre corresponderam a essa surdez com gordas espórtulas para as obras da igreja. Mas desta vez se esqueceram de um fato novo: que padre Abílio se fora, aposentado. E o novo pároco, padre Noronha, chegou de nariz em pé farejando tudo, procurando conhecer os cheiros da vila.
      E pergunta vai, pergunta vem - no confessionário ou fora dele - o padre já marcou as áreas de maus odores.
      Positivamente, as catações não agradam ao naso pudico de padre Noronha.

Obs: pela citação do nome dos padres, podemos, pela primeira vez, precisar o relato como sendo no ano de 1923


Pág.229-
      Em lugar pequeno, não adianta tentar fazer coisas para não serem vistas. O povinho vive atrás de assunto como vira-latas atrás de qualquer naco de carne, ou urubu atrás de carniça. Numa tarde, os convidados do Rio de Janeiro tinham descido do trem, de surpresa, quinhentos metros antes do comboio entrar na vila, numa parada combinada com o velho Guimarães, da Leopoldina. E foram direto em carros separados para a catação escolhida. a de In-Hula - que era território neutro, onde Munheca Segundo e Cafezal podiam ir sem desdouro de parte a parte. As catadeiras selecionadas haviam chegado uma a uma em horários diferentes, de dez em dez minutos. Mesmo assim, logo a vila inteira sabia: aquele era o sábado da festa
excomungada.
      Transeuntes indo e vindo pela rua Barão, curiosos, as orelhas crescidas, de conchas alargadas, prontas a captar os ruídos do pecado, os gritinhos, as frases safadas que extravasavam de alguma porta entreaberta ou dos basculantes do velho casarão.
      Dentro da catação, cada visitante, sôfrego mas ainda sóbrio, movia-se muito de uma parceira à outra, sondando, procurando afinidades, conferindo preferências, tateando limites ou ilimites da licenciosidade, ansiosos que a noite apagasse logo o trotear dos enxerimentos que ainda vinha da rua. Por sua vez, do lado de fora, os conjurados do decoro esperavam também pelo anoitecer mais denso. Pouco à pouco o silêncio maior da noite fechada liberou dentro do casarão a senha para o extravasamento de todas as contenções, represadas pelo ano de espera "da festa". 
     Logo também o aceno convencional dos conspiradores do pudor, telegrafado de esquina a esquina, alcançou sua meta: as chaves da estação distribuidora de luz. E tudo na vila, inocentes e pecadores, foi colocado inesperadamente sob trevas. Seria a vitória da decência cegando a demência dos forasteiros depravados, e seus anfitriões inescrupulosos.


Pág.291-
     Engraçado, você diz que Marechalo chegou aí, ou mais precisamente, chegou no Maripá como "volume de
redespacho". Um primo diplomata o despachara correndo, para um vago "conhecido" no interior - o velho "major" Francisco Bianco, em Bicas - e este, depois de uns dias de quarentena e análise, assepticamente refugou Marechalo ainda mais para o interior, isto é, para o Maripá - "onde não havia nem estrada de ferro nem luz elétrica".
    E por sua vez, "major" Bianco quase caiu de emoção ao ver saltar na estação de Bicas aquele "bersagliere", que se apresentava a ele um tanto gasto e mal-cheiroso, mas uniformizado com a mais famosa farda da Itália.
    Coisa curiosa foi o modo como "major" Bianco apareceu como "destinatário da encomenda": o velho tornara-se lendário entre a "colônia" no Rio porque todos ouviam falar da inusitada e incansável fidalguia daquele italiano que, havia anos, por falta de serviço de bar, servia ele próprio na estação de Bicas, diariamente e gratuitamente, aos cansados passageiros dos trens que iam ou vinham do Rio, um reconfortante e substancioso "cafezinho" - feito ali perto, na cozinha de sua mansão.


Pág.304-
    Quanto a você, acho que acertou na sinceridade de, deixando de lado o meio-insulto do amigo português, reconhecer que essa boa corrida dos "patricinhos" daí para escolas mais adiantadas é a parte do deslumbramento de nossa gente pela pompa e destaque nas posições sociais.
     Aliás, esse deslumbramento será apenas dos turcos?Os outros, portugueses, italianos, franceses e um qualquer outro europeu que tenha por aí, também não mandam filhos para "as escolas de doutor"?


Pág.323- 
      Por falar em parentes dos índios, finalmente você esclareceu uma coisa que estranhei muito logo que registrou a presença dessa pequena colônia de franceses, aí nas vizinhanças: Cafezal explica que vieram dar com os costados na região à procura  sombra, ou das sobras de propriedades do tal capitão Marlière, o de Napoleão.
     Aliás, Aristides conta que o jovem Moulin chegou aí meio às tontas, como todo moço, atrás da aventura. Ficou zanzando muito tempo de lugar em lugar, sem orientação nem papelório, atrapalhado pela língua e pela confusão dos nomes, que não entendiam dele e el não entendia dos outros. Só depois de muitos anos, já plantado no Maripá, descobriu com um velho escrivão
de Mar de Espanha que o nome do lugar que  procurava, "Nossa Senhora da Encarnação dos "Bagres", já não existia mais. Só na nova capital poderiam informar sobre a troca. E essa capital, diziam, estava uma desordem de armários e de arquivos velhos, carregados para lá na bagunça de sempre, do
pouco-se-lhes-dá das coisas de governo.
     Então, o velho Moulin foi deixando a verificação para depois. E se acomodou. Ele procurava esse lugar porque era uma das aldeias da época, fundada por seu parente.


Pág.339 - 
     Quinze dias depois estava funcionando numa casa velha da praça a igreja a "Nova Loja do Tauil", nome dado por Cafezal. Vazia de tecidos e armarinhos, que teriam de vir do Rio ou de São Paulo. Mas abarrotada de cereais - arroz, feijão, milho, batatas - açúcar preto e engradados de queijo, barricas de rapadura, bandas e barrigadas de capado, garrafões e quartolas de  cachaça, cachos de banana e sacos de laranja, tudo vindo das fazendas de Iskândar, Cafezal e Muzaréf. A francesinha do In-Hula, doceira de mão cheia, mandou terrinas e potes de doces caseiros. E cada semana chegam do sítio do velho Moulin de cinco a seis dúzias de ovos e dois sacos de fubá, o melhor de toda a região: moído em moinho de pedra e feito só de milho catete, bonito e vermelho como a própria saúde.


     E então é isso, queridos leitores. Querem saber e saborear mais, muito mais? Corram atrás desse livro valioso!
     Concluo com as mais sábias palavras que pude ler e que, pelo tanto que me encantaram, usei em meu próprio livro:

     "O romancista não tem obrigações cartoriais
com a História, nem com a trivialidade do
cotidiano - apesar de valer-se, necessariamente, de ambos. 
      O ilimite da imaginação dá-lhe o direito de
rearrumar o mundo e as gentes, à seu modo."
                                                  Emil Farhat
     

                           










                      
                     


quinta-feira, 17 de março de 2016

95.000 VISITAS!