quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

... E OS PRIMEIROS TRILHOS LEVAM A MINAS...

        ... coração bate forte e feliz, cada vez que vê uma locomotiva. Quando escuta seu apito, então... é êxtase de fato! Recentemente, numa viagem à PETRÓPOLIS, com meu irmão RENATO e sua muito querida família, tive mais um encontro com meu "sangue ferroviário": a locomotiva (com um vagão) foi a primeira a subir a ESTRADA DE FERRO PRÍNCIPE DO GRÃO PARÁ (ou DA SERRA DE PETROPOLIS), inaugurada em 19 de Fevereiro de  1883 pelo IMPERADOR D.PEDRO II.


FOTO: RENATO MAYRINK
   

       Foi então que, com a ajuda preciosa de meu outro querido irmão, AMARILDO, considero agora enfim palmilhado pelos documentos, fotografias e imaginação o itinerário correto seguido de trem por nossos bisavós, em sua chegado ao BRASIL (RIO DE JANEIRO), vindos da FRANÇA (BORDEAUX)  em 1885.   
 1º PASSO: Saindo juntas, aproximadamente 84 pessoas, entre adultos e crianças, tomaram o trem na GARE DE LA BACHELLERIE, no PÉRIGORD (hoje DORDONHA), em direção à BORDEAUX, cidade costeira onde se situava o porto mais próximo. Ali embarcaram, após alguns dias, no VAPOR ORENOQUE.
 2º PASSO: Seu navio, o VAPOR ORENOQUE, atracou na ILHA DAS FLORES (na BAÍA DE GUANABARA). (Ver foto em "ÁLBUM DE FOTOS ANTIGAS"). 
 3º PASSO: Dali, levados num pequeno barco para o CAIS DA PRAINHA (hoje PRAÇA MAUÁ). (Ver foto em "ÁLBUM DE FOTOS ANTIGAS"). 
 4º PASSO: Em seguida, tomavam uma outra barca, que os levariam até GUIA DE PACOBAÍBA, estação de plataforma avançada localizada no fundo da BAÍA DE GUANABARA, em MAGÉ. Obs: Não podemos excluir a hipótese de que pudessem ser levados diretos de barco da ILHA DAS FLORES para a GUIA DE COPAÍBA.
 5º PASSO: Em GUIA DE PACOBAÍBA, tomavam um trem puxado por uma locomotiva a vapor comum, que os levava até a estação do MEIO DA SERRA (hoje VILA INHOMIRIM). (Foto abaixo)
      Ali mudavam-se as locomotivas, entrando em ação um modelo como a da foto acima, que tracionavam por cremalheira (a grande engrenagem no centro), característica para vencer as grandes inclinações da SERRA até PETRÓPOLIS, numa paisagem de tirar o fôlego até os dias de hoje.

                                                                     
FONTE: AFPF - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária.

       
         Nas duas fotos seguintes, podemos ver o trem saindo da ESTAÇÃO MEIO DA SERRA e iniciando a subida da SERRA DE PETRÓPOLIS.(Na segunda, observar a mudança de inclinação dos trilhos).

                                                                                             
FONTE:  www.estacoesferroviarias.com.br
       

                                                                                
FONTE: acervo MARCELO LORDEIRO

                                                                         
             Abaixo, vista do MEIO DA SERRA, de um ponto de visão no ALTO DA SERRA. Na foto seguinte, um trecho da viagem no meio da SERRA, passando pelo VIADUTO DA GROTA FUNDA.

                                                                            
FOTO:  Acervo Antônio Pastori - AFPF - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária

FONTE:  www.estacoesferroviarias.com.br




       Na chegada a PETRÓPOLIS (foto abaixo), as locomotivas cremalheiras eram novamente trocadas por locomotivas à vapor, que seguiam para o interior de MINAS GERAIS. Mas, para chegar lá, na sua ESTAÇÃO DE BICAS, ainda deveria ser dado mais um passo. O quinto passo. O último no que se refere à ferrovia.


                                                                                  
FOTO: Acervo Antônio Pastori - AFPF - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária.

6º PASSO: Essa última composição, mesmo após essas sucessivas trocas de locomotivas, não chegava até BICAS. Por questão de ramais diferentes, nossos antepassados com certeza precisaram fazer uma baldeação em AREAL ou utilizar de outros meios para chegar até a estação de SILVEIRA LOBO (primeira estação da ESTRADA DE FERRO UNIÃO MINEIRA) para, aí sim, tomar o trem que os levaria ao destino final: a estação de BICAS, na ZONA DA MATA MINEIRA. Veja abaixo o mapa de todo o trajeto.



                                                                                
FOTO: Acervo Antônio Pastori - AFPF - Associação Fluminense de Preservação Ferroviária.




          Dali, como ainda distavam de cerca de 15km de MARIPÁ e da FAZENDA MONTE CRISTO, para a qual haviam sido contratados, nossos bisavós, com seus filhos e pertences trazidos de tão longe, tiveram que recorrer aos próprios pés. Ou quem sabe a ajuda de alguma carroça para o transporte das crianças menores e dos objetos maiores? Aqui, só podemos agradecer ao trem que os levou tão longe.  Vencendo tantas e tantas dificuldades. Barreiras naturais quase intransponíveis. 
         E, se aprofundarmos nosso olhar, veremos que os trilhos levavam muito mais que pessoas e mercadorias. Levaram literalmente a construção do interior de nosso país. E cada um desses inúmeros ramais, como artérias de um organismo jovem que precisava se expandir, levou o sangue que nosso país precisava para crescer. 
         Bom que tenham trazido aqueles que nos precederam. Pena que não traga mais nada. Nem ninguém... 
         E seguimos escutando o apito de nossas memórias...
            




























     

                                                                     

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