Compartilho dessa paixão até meu último fio de cabelo. Como já disse aqui e ali, inúmeras vezes, sou neta, filha, sobrinha, prima e irmã de ferroviários. Não um avô: os dois. Não um tio: mas dois. Não um primo, mas tres. Não um irmão, mas os dois queridos que a vida me deu. E foi um deles, AMARILDO, que mais uma vez me fez embarcar. Numa delícia de viagem para a qual quero convidá-los. Nossos bisavós DOUSSEAU chegaram de trem a BICAS, já em 1885. Na mesma estação que, graças mil vezes a Deus, deixaram quase intacta através dos anos. Estação de mil memórias pessoais e familiares. Estação anexa às extintas oficinas e ao extinto e onipresente LICEU. Digamos que tudo isso compunha "a alma de BICAS". E mesmo hoje está ali, zelando com inteiro comprometimento pelo MUSEU FERROVIÁRIO DE BICAS, nossa prima historiadora e também ligada à ferrovia "pelo umbigo", ROSÁLIA MAYRINK CORRÊA. Então, posto isso, tendo a certeza de que vocês poderão entender a sensação que me acometeu ao ver o que se segue. A sensação de, ao menos virtualmente, termos, como cidadãos biquenses, recuperado "a alma". Porque é preciso dizer: essa minha realidade familiar é também a de quase a totalidade dos habitantes de BICAS. E recuperarmos também um pouquinho da vida de cidades que até MONTEIRO LOBATO um dia foi obrigado a classificar como mortas. Por razões outras mas com resultados idênticos.
Vamos embarcar? Todas as composições fotográficas são de autoria de AMARILDO MAYRINK. E posso imaginar seu prazer, debruçado no computador, enquanto criava asas... E, no meio disso tudo, o emocionante poema que lhe foi dedicado muito recentemente em função disso. Agradeço enormemente ao autor, HUMBERTO CARINO MOREIRA, e lhe parabenizo porque o poema é, de fato, inspirado e competente. Enfim... vocês dois foram ótimos! MUITÍSSIMO OBRIGADA! Começo de viagem, então:
O trem, chegando de SANTA HELENA, está passando pelo BAIRRO
SANTANA. Está prestes a chegar à ESTAÇÃO DE BICAS.
Agora, ele já está parado na ESTAÇÃO DE BICAS.
Vindo agora de ROCHEDO DE MINAS, ele está passando pelo BAIRRO DA RETA.
Já parou de volta na ESTAÇÃO DE BICAS e volta para SANTA
HELENA, pelo mesmo BAIRRO SANTANA.
Mas então... vendo essas maravilhas, alguma coisa ficou me faltando. Quase doendo na alma. Gritando para ressurgir. O que? Meu "amado idolatrado salve salve" vagão de madeira! E então... ei-lo que surge! No mesmo BAIRRO SANTANA. Saindo da ESTAÇÃO DE BICAS em direção a SANTA HELENA. Garanto a vocês: embarquei nele. Obrigada pela viagem, AMARILDO!
Para fecharmos essa postagem com chave de ouro e bilhantes, o lindíssimo poema de
HUMBERTO CARINO MOREIRA, "como uma pequena homenagem a todos que, de alguma forma, preservam a memória da ferrovia". Em suas palavras:
Corre pelas bocas
Que há um Trem rodando em Bicas,
Trazendo vagões de outro tempo,
Sobre firmes novos dormentes,
Uma saudade nada passageira...
Corre pelas bocas
Que há homens suando em Bicas
No trabalho de não deixar morrer
A memória desse Trem...
Sonho que em meio à fumaça e fuligem
Vive num ciberespaço de nuvem,
Em trilhos fincados num link
Uma composição pop art nouveau
Com partida de um coração Mayrink
E chegada na mente de um Dousseau.
Lindo Marly! Me permiti viajar na sua emoção!!! Bjs...
ResponderExcluirObrigada também por sua foto ao lado de uma locomotiva no Museu Ferroviário de Juiz de Fora. Já vi que gosta também dos trens... Delícia!
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