sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

LIVRO DE ISABEL PINTO (AUDEBERT)

FELIZ ANO NOVO, primos!!! 

         Eis que retorno após tantos dias de folga, quando o calendário já virou... Mas como a vida (e a história) é a mesma, vamos continuando por aqui a compô-la e recompô-la. 
         Venho hoje apresentar a vocês um livro recém saído do forno: "GENEALOGIA SERTANEJA - FAMÍLIAS PINTO E OLIVEIRA - DO BREJO PARAIBANO E DA BORBOREMA POTIGUAR", publicado pela EDITORA KIRON em 2012. 
         Vocês hão de perguntar:"Mas porque falarmos de nossos sertões nesse blog repleto de nomes franceses????". Vou então "começar do começo" e tenho certeza de que vocês entenderão perfeitamente o quanto todos nós "primos orenoquenses", nos espalhamos por aí, mesclando, mesclando, mesclando...
         Podemos começar?


                                                                            

         Antes de tudo, uma dedicatória inspirada. Linda. Depois, as palavras igualmente inspiradas do meu grande mestre da psicologia arquetípica, Carl Gustav Jung, que vocês já devem ter lido na nossa comunidade "orkutiana" chamada FAMÍLIA DOUSSEAU, mas que vale sempre a pena repetir.:

          "Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia. Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo quando tem relação com essas coisas. Se um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos nem ouvidos e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. É o mesmo que mutilá-lo".

         ISABEL, a autora, é uma de nossas "primas de ORENOQUE". Ou "prima por parte do ORENOQUE", para usar uma expressão mais comum. Isso porque seu avô, PIERRE AUDEBERT, brincou com nosso bisavô ANNET no convés desse vapor/navio durante os intermináveis dias daquela viagem sem volta da FRANÇA para o BRASIL. PIERRE, saído com seus pais e irmã de HAUTEFORT ; ANNET, saído com seus pais e irmã de BEAUREGARD DE TERRASSON. ANNET viveu até o fim dos seus dias nos arredores de MARIPÁ, destino inicial de todos os imigrantes perigordinos do ORENOQUE, tendo terminado seus dias nos MACHADOS. Já PIERRE, tendo ido cedo com sua família para TRES RIOS, viveu a maior parte de sua vida no RIO DE JANEIRO, onde também veio a falecer.

        ISABEL já nos contou essa história, aliás, no seu primeiro livro. Aquele que chamou "A FAMÍLIA AUDEBERT - IMIGRANTES FRANCESES E SEUS DESCENDENTES BRASILEIROS", publicado em 2002. E que fez meu coração disparar no peito quando li "de um só gole", à pouco mais de seis anos atrás. Isso porque foi ali que ávidamente bebi as primeiras informações concretas sobre nossos bisavós, sobre os quais eu havia recém-começado a pesquisar.
       Essa mesma Isabel resolveu retomar a jornada de recomposição histórica. Dessa vez em relação á sua família paterna. E eis esse novo livro. Uma verdadeira aula sobe as agruras e a realidade do trabalho genealógico, no que ele exige de rigor e de pesquisa. A preocupação com o embasamento de cada dado, de cada fato relatado, é a principal característica de sua maneira de trabalhar a história. Devido a isso, imagino o quão profundamente importante é (e virá sempre mais a ser!) esse trabalho para aquela parte de nosso BRASIL (e seus habitantes), ainda mais esquecido que nosso SERTÃO DO RIO CÁGADO, logo ali nas GERAIS...
       Para não correr o risco de distorcer suas informações tão claras, passo a transcrever algumas partes. 

       Vamos, então?

       "Para se estabelecer o parentesco, é preciso determinar o grau, que é o número de gerações que medeia duas pessoas ou entre uma pessoa e o tronco familiar. Os graus de parentesco, na linha colateral, são diferentes no Direito Civil e no Direito Canônico.
         Quando se fala em "primo de segundo grau", geralmente tem-se o parentesco do direito canônico, significando que são filhos dos primos. Em quatro gerações temos o bisavô, o avô, o pai e o filho, cujo parentesco em linha reta é muito próximo.
         Costumeiramente considera-se, também, a proximidade familiar daqueles que descendem dos irmãos do avô, ou seja, os primos do pai e "primos de segundo grau" do filho, ou seja, todos pertencentes à mesma família.
         Entretanto, para a genealogia, esta proximidade se estende um pouco mais. Até seis gerações (incluindo o trisavô e o tetravô) os descendentes são considerados da mesma família.". Páginas 11 e 12.

       "É uma lástima não conservarem o sobrenome de família. mas, ainda hoje no Brasil, onde a legislação permite à nubente manter seu nome de 'solteira', isso acontece muito.
         Já ouvi comentários como 'os sobrenomes não combinam' ou 'o sobrenome do marido é mais bonito', como se sobrenome fosse ligado à moda e não à identidade familiar. Concordo que a união de alguns sobrenomes pode causar constrangimento, mas isto é exceção". Página 14.

       "A pesquisa genealógica, para mim, foi um meio de resgatar minha própria identidade e de conhecer mais minha família.
         As pessoas, no final do século XIX, assinavam de duas ou três formas diferentes, sem qualquer problema. 
         Para começar qualquer trabalho de pesquisa genealógica deve-se iniciar com a leitura dos assentos de batismo, casamentos ou óbitos, seja nos livros paroquiais (das igrejas) ou nos livros dos cartórios.
         No Brasil, geralmente os livros das paróquias com menos de cem anos ainda são guardados nas igrejas. Os mais antigos, nas cúrias". Página 15

         "Eram frequentes as uniões consanguineas, sobretudo de tios com sobrinhas". Página 25.
           O penico foi usado até a década de 70 do século XX, em áreas rurais onde não existiam banheiros ou privadas; ou estas eram localizadas no quintal da residência e não em seu interior.
           Até a metade do século XIX a maioria das mulheres não usava nenhum tipo de roupa íntima. calcinhas eram usadas somente por prostitutas". Páginas 25 e 26.

         "Nas capitanias generalizou-se, e mesmo exagerou-se, na distribuição de cartas de sesmarias, sem qualquer sentido de limitação, quer no tocante aos requerentes, quer no tocante á extensão das terras doadas, o que logo determinou a medida de proibir-se a liberalidade, impondo-se limite máximo a cada sesmaria e evitando-se a sua concessão em número maior a cada beneficiado.
           Esse limite máximo foi estabelecido em quatro léguas de comprimento por uma de largura, tendo posteriormente sofrido restrição para três, duas, uma e até meia légua. Uma légua equivale a 6.600 metros, o que dá para ter ideia da extensão das propriedades. 
           No período compreendido entre 1822 e 1850, vigorou o princípio da ocupação efetiva do solo, ou seja, bastava estar na terra e fazê-la produzir para ser seu dono.
           A expressão 'sítio de terras' era utilizada para indicar uma extensão maior de terras do que as que no registro falam de 'uma parte de terra'. Bom diferente do sentido atual da palavra 'sítio', que equivale a uma pequena fazenda.". Páginas 37 e 38.

          "No final do século XVIII, grande parte das propriedades rurais estava grava com 'missas até o fim do mundo'. Somente em 1835 o Império do Brasil proibiu a instituição  (Igreja) de obter rendimentos  das propriedades para o sustento de missas em capelas, o que levou a Igreja católica a transformar muitas capelas em matrizes, pois nelas o número de dizimistas era maior e não haveria carência de recursos  para manutenção do templo, face ao aumento do número de fregueses, razão pela qual, nesse ano de 1835, muitas capelas viraram matrizes resultando no imenso número de freguesias criadas. Além disso, a lei de 1834 ordenou a criação de unidades administrativas, fazendo uma clara divisão entre o Estado e a Igreja.
           Por trás da criação dessas freguesias havia o interesse econômico da Igreja de Roma. Duas ou três freguesias representavam maior fonte de renda do que uma só.
          É preciso conhecer um pouco da história de nosso país para entender o panorama da época e não falar besteira. Infelizmente, o desconhecimento da história e da evolução do sistema político é fato que me deixa entristecida.
         Não sou historiadora, só gosto da matéria e, como leiga, verifico que nós brasileiros desconhecemos mesmo nossa história. Muito triste, mas é fato.". Páginas 56 e 57.

         "É uma pena, pois quando visitei uma feira no Périgord (França), terra de meu avô materno PIERRE AUDEBERT, uma historiadora disse ter muito orgulho de uma feira que existia lá há mais de 400 anos. Eu fiquei maravilhada pensando que alguns dos meus ancestrais maternos dela se utilizaram". Página 70.

        "Eu tenho orgulho de minha ancestralidade.
          Mas, na verdade, algumas pessoas sequer cogitam em encontrar qualquer ancestral que não seja branco, ou melhor, europeu. Jamais pensariam também em encontrar entre seus ancestrais um ladrão, uma prostituta, um político corrupto, um escravo, ou mesmo um membro absolutamente medíocre. Tais pessoas preferem pensar que descendem tão somente de ilustres personagens da história, razão pela qual vejo sempre que FULANO DE TAL foi isto ou aquilo.
         Não encontro em nenhuma árvore menção de que um trisavô foi condenado, por exemplo, por roubo, que a pentavó era prostituta. Divulgar essas "máculas" na árvore genealógica é uma heresia. No máximo tem um que foi preso por assassinato - em legítima defesa, é claro - ou, por questões políticas. Fica mais chique e elegante, embora longe da realidade". Página 73.

        "A guarda Nacional, criada em 1831, era considerada uma 'milícia civil'. Para ser integrante dela era preciso ser alguém de posses, que tivesse recursos para assumir os custos com o uniforme e as armas necessárias. os postos militares foram comprados, razão pela qual, com o tempo, seus ocupantes, especialmente os 'coronéis', passaram a ser vistos como homens poderosos". Página 88.

        "Entre 1821/1830, o Brasil produziu 32 milhões de sacas de café de 60 quilos, correspondente a 18% da produção mundial, mas quase toda essa produção (60%), concentrava-se no Vale do Paraíba (região que engloba os atuais estados do Rio de Janeiro e São Paulo). O Nordeste contribuía com pouco menos de 10% da produção.". Página 89.

        "Pelas minhas conclusões, pelo menos 10% dos atuais habitantes da cidade de Santa Cruz (cerca de três mil pessoas), cujas famílias se fixaram naquela cidade a muito tempo, possui algum vínculo de parentesco comigo, vez que temos um ancestral em comum, embora este ancestral esteja distante na linha do tempo da geração atual, ou seja, trata-se de um heptavô ou hexavô. 
          Tal fato é perfeitamente explicável em se tratando de cidade pequena do interior, onde os sucessivos casamentos entre membros de uma mesma família resultam em uma consanguinidade entre os habitantes". Página 162.

         
          Para concluirmos, a frase com que ela também concluiu esse trabalho que, sei bem, não é pequeno:

          "Estou certa que fiz o possível e, se erros cometi, estes se justificam pela vontade que tinha de acertar". Página 207.

          Parabéns por seu trabalho, "prima". Do coração. E de coração.



                                                                           

            

         
          

3 comentários:

  1. Seus comentários sobre o meu livro me emocionaram, tanto quanto em saber que posso sempre compartilhar com você o difícil trabalho de fazer pesquisas genealógicas. Obrigada por tudo "prima" de coração e da vida.

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    1. Gostaria de entrar em contato com vocês primos, sou Alexandre bisneto de Aurora audebert, filha do Pietra, não sei como falar com vocês . Minha Avô Helena , filha de Aurora falava muito de vocês dois, meu contato é pelo e-mail alexandremed1003@gmail.com

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  2. Companheira... quem agradece aqui sou eu. Sempre e para sempre! Parabéns por seu trabalho e um abraço enorme!

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