Bom dia, pessoal! Desculpo-me de antemão pelo tempo que passei distante dessa "paixão genealógica", acompanhando a enfermidade de meu pai, JOSÉ CARLOS MAYRINK, que veio a falecer no dia 13 de Março último. Que ele tenha encontrado a paz e toda luz.
Voltando, então às nossas atividades, venho compartilhar com vocês o precioso documento que me foi enviado pelo responsável pela página do FACEBOOK intitulada "GUARARÁ PATRIMÔNIO HISTÓRICO". É um trabalho maravilhoso e louvável de salvar da total aniquilação documentos, publicações diversas e imagens relacionadas à esta pequena cidade de nossa ZONA DA MATA mineira, que teve muito grande importância para nossa região no Ciclo do Café.
As divisões administrativas mudaram muito no transcorrer dos anos, tanto anteriores quanto posteriores ao documento em questão. Como nessa época GUARARÁ era a sede da municipalidade, encontramos ali vários documentos relacionados aos franceses. E creio que ainda há muito a ser encontrado.
Infelizmente, por questões relativas à antiguidade e ao estado de conservação desses documentos, há grande dificuldade de digitalização e/ou fotografia que torne mais fácil a visualização dos mesmos. Devido à isso, o canto interno de cada página acaba perdido, porque ilegível.
Fiz o meu melhor no que se refere à transcrição e creio que, embora com falhas, esse documento mantém sua importância primordial para quem se interessa pela história da região. Nesse documento, podemos ver um arrazoado sobre um pedido de imigrantes feito por FIRMIN FRANÇOIS ALIBERT. Vamos à ele?
Leopoldina, 2 de Setembro de 1894.
“Ilustríssimo” Senhor “Padre” Manoel
José Corrêa M.D. Vice Presidente da Câmara de Guarará.
Informei hoje o pedido de sete imigrantes que fez o senhor François
Alibert e veio informado por Vossa Senhoria.
Demorei essa informação porque há cerca de um mês e meio (...) viajando
em serviço de imigração e também estava doente. Cientifico-vos que os
interessados em que vinham da Europa (...) (...) devam avisar do lugar onde
eles (...) ao senhor Giacomo “Cresta”, morador em Gênova, Piaza Fossestello
número 6 o qual é o agente na Europa do contratante de imigração para Minas que
é
o Sr. Giacomo M. de Viccuri et Filho
, morador no Rio na rua 1º de Março, nº 32. Mas é melhor avisar o agente na
Europa para dar providências para a vinda da família (...) (Rivoal¿).
Os (...) de que Vossa Senhoria se
serviu são apenas (...) para os fazendeiros e não (...) que (...) imigrantes.
Quanto aos que pedem a vinda de seus parentes podem fazer o simples pedido em
manuscrito com duplicata declarando que dão pronta colocação em tal parte, tal
distrito e tal município. Sobre essa duplicata (...)Presidente da Câmara para
que se saiba se se trata de pessoa idônea e se a colocação é garantida, assim
como os mais dizeres do pedido, que pode ser dirigido ao (...) Presidente da
Câmara para (...).
Aproveito a ocasião para vos declarar
que estamos começando a recolocar imigrantes e embora eu lute ainda com grandes
dificuldades que este serviço aliás complexo exige, muito desejo desenvolvê-lo
no (...) (...) município onde penso que devia criar uma modesta hospedaria
municipal, que auxiliada pelo Estado receba braços para cedê-los aos
lavradores. Quando eu tiver criado 6 ou 7 dessas hospedarias pedirei ao Governo
que me ceda de vez um navio de imigrantes, que irei localizando (...)
Hospedaria. Atualmente (...) consegui
10m² as hospedarias de Viçosa, Cataguases, São João Nepomuceno as quais não
comportam mil a dois mil imigrantes será difícil que eu possa dispor de um
navio de imigrantes e tem acontecido que vindo os imigrantes todos de um navio
para a hospedaria Central, ali me tem sido impossível consegui-las e a ida dos
fazendeiros à hospedaria Central acarreta aos (...) grandes sacrifícios e eles não tem certeza de obter
colonos, porque não fazem fogo uns aos outros, sujeitam-se a especulações de
italianos já traquejados que especulam com os outros (...) (...).
O Governo vai conceder (...) (...)
imigrantes que há de vir diretamente do Rio para São João e aí deixam os que
forem preciso e transportam os demais para Cataguases e Viçosa. Mas essa
transferência é penosa porque é dificílima a separação de bagagens no Rio, e o
verdadeiro
será que (...) (...) entregues todos
os imigrantes de um navio sendo a bagagem conferida aqui.
(...) Vossa Senhoria o serviço de
imigração é muito complicado e além dos desarrazoados portuários dos imigrantes
“tem que” lutar com mil especuladores que os rodeiam, os pervertem ou (...)
para que desta sorte obriguem os fazendeiros a pagar “corrupções” a tais
especuladores. Por outro lado os fazendeiros, como sabeis, nunca tem iniciativa
própria e se não se puser os colonos perto deles eles não os procurarão, sendo
poucos os que vão com sacrifícios procurar braços nas hospedarias
(...) Desta sorte, as Câmaras
Municipais, que não preocupam de aumentar suas vendas, não devem apesar do
tempo e da evolução social lenta e incerta.As cidades só podem viver de
indústrias que só os imigrantes podem desenvolver rapidamente; e os povoados que
não se preocuparem de as criar, aumentando o (...) (...) serão suplantados
pelos povoados próximos. Guarará (...) é uma prova e se não caminhar
vigorosamente para a frente será suplantado por Bicas onde a indústria já
existe e provoca maior aglomeração de homens e forças vivas.
Longo seria enumerar as vantagens que
as indústrias municipais trarão para os povoados onde elas se criarem. Núcleos
de imigração, como São João Nepomuceno, Juiz de Fora e muitas colônias
prósperas do Espírito Santo, para não falar nas do Rio Grande do Sul, São Paulo
(...) trazem sempre acréscimo de intensidade na vida local, havendo logo um
acréscimo rápido de renda que é a mola do progresso pois que sem dinheiro não
há melhoramentos possíveis. A Câmara Municipal que despenda 6 a 8 contos com a
imigração (e mais não é preciso) pode contar logo com um
acréscimo de sua renda superior a 15 a 20 contos e o estado concorre com três
dias de
alimentação para os colonos que estiverem
em hospedarias municipais, pois é bem natural que a Comarca ... fazer economia
com um serviço altamente ... por que a Comarca me ... de cada vez 100, 200 ou 400 colonos conforme os pedidos
que obtiveram de seus lavradores ... nunca terá hospedaria cheia.
Muito estimo que Vossa Senhoria fique de acordo comigo a este respeito,
certo de que ... ... o serviço também
... a propriedade ... lugar.
E se vos for preciso uma
conferência a esse respeito estarei ... ... ... e irei visitar Guarará logo que
o serviço me dê uma folga. Apresento-vos os meus respeitos e me subscrevo com
muita consideração.
... ... ...
Nominato José de Souza Lima ...
Marly lamento muito a sua perda e peço a Deus com conforte sua família! Passando por aqui fiquei impressionada com a sua publicação da carta a Câmara de Guarará. Parabéns por mais esta publicação.A gente não tem noção do número de imigrantes que chegaram ao Brasil e esta carta é mais uma prova de que foram muitos e passaram por muitas dificuldades, inclusive de hospedaria. Valeu Marly!
ResponderExcluir